
Escola Discípulos de
Shaolin Gun-Run-Ga

Kung Fu

INTRODUÇÃO
A denominação Arte Marcial para os ocidentais advém do nome de um deus grego chamado Marte, o deus da guerra. Já Kung Fu, na verdade, não é o termo certo a ser utilizado para a prática dessa arte marcial. O termo correto seria Wushu, no qual wu significa marcial e shu arte. O termo Kung Fu originalmente significa o tempo e energia despendida no aprendizado de alguma coisa, como por exemplo, culinária, medicina, yoga ou qualquer outra coisa.
A ORIGEM
A discussão sobre a verdadeira origem das artes marciais chinesas não é mais uma incógnita; a despeito dos inúmeros fatos e personagens lendários relacionados com a história e as artes marciais chinesas, baseado em registros arqueológicos e históricos, é possível traçar uma linha sensata e coerente sobre a verdadeira origem do Kung Fu.
O povo chinês e seus aspectos culturais contam com aproximadamente 5.000 anos de existência, ainda que certos elementos sejam de caráter mitológico. Apesar dos registros arqueológicos sobre a China datarem dos períodos mesolíticos e neolíticos (artefatos de cerâmica e pequenas pedras em forma de faca e pontas de lança), mas a primeira estrutura social organizada sob forma de dinastia é a Xia (2.100 a 1.751 a.C.), datada entre os séculos 21 e 16 a.C. fundada pelo imperador Yu (2.205 a 2.197 a.C.).
Apesar de rudimentar, o conceito de arte marcial chinesa já se fazia presente através da utilização de armamentos contra animais selvagens e confrontos entre tribos rivais; bastões de grande comprimento, lanças e machados feitos com madeira e pedra afiada. No final da dinastia Xia surgem os primeiros conceitos de combate corporal, chamado de Jiji (técnicas de ataque).
Com o surgimento da dinastia Shang (1.751 a 1.111 a.C.) os chineses passaram a dominar a fundição do cobre, e posteriormente ao bronze, aumentando o poderio bélico; lanças, machados e pequenas facas eram as armas preferidas.
Apesar do descobrimento da fundição, o maior desenvolvimento bélico se deu na dinastia seguinte; a dinastia Zhou.
A queda da dinastia Shang e a ascensão da dinastia Zhou (1.111 a 1.112 a.C.) se deram por muitas e muitas batalhas sangrentas. Os imperadores de ambas as dinastias exigiam armas cada vez mais resistentes, sofisticadas e de grande poder de destruição, o que permitiu um grande desenvolvimento da tecnologia militar.
Neste período, várias armas diferentes foram criadas, como por exemplo: as primeiras armas que faziam uso de projéteis (balistas e catapultas) com fogo, mas talvez a arma mais popular das artes marciais chinesas; a espada reta.
A vitória dos Zhou permitiu um longo período de paz e prosperidade ao povo chinês, e toda a tecnologia de fundição com fins bélicos foi direcionada para o desenvolvimento da fabricação de instrumentos agrícolas e de uso diário. Tem-se registro de que neste período histórico surgem os primeiros eventos de demonstração e competição de técnicas e poderio militar / bélico.
Com o declínio do poder da dinastia Zhou, através de pequenas rebeliões internas e guerras civis, surgiram dois novos períodos históricos a serem conhecidos como Chun Qiu (Período da Primavera e Outono) e Zhan Guo Shi (Período dos Estados Guerreiros).
Mas um período de grandes evoluções bélicas, as armas passaram a ser fabricadas em ferro, material mais durável, a cavalaria ganhou o apoio de carruagens e as balistas e catapultas passaram a contar com projéteis maiores e com maior poder de destruição.
O MOSTEIRO SHAOLIN E SUAS INFLUÊNCIAS

Erguido em 495 d.C. no meio de uma floresta, no sopé da montanha Song, o Mosteiro de Shao Lin está geograficamente localizado entre as cidades de Zhengzhou e Luoyang (antiga capital do Império Chinês até o século 10), na província de Henan.
A mando do Imperador Xiao Wen (reinado de 471 a 500 d.C.) da dinastia Wei, forte patrocinador do budismo na China, o Mosteiro de Shao Lin fora construído para se tornar o maior centro de estudo, tradução e difusão do Budismo da época, e o primeiro abade do mosteiro foi o monge indiano Bahdra (Batuo).
Em 525 d.C. o monge Damo (Bodhidharma) chegou até o mosteiro e lá ficou por vários anos. Muitos afirmam que Damo foi o responsável pela criação e desenvolvimento das artes marciais dentro do Mosteiro de Shao Lin, mas infelizmente não existe nenhuma evidência concreta até mesmo que Damo tenha existido.
Damo foi o vigésimo oitavo patriarca do budismo Mahayana e trouxe para o mosteiro os seus ensinamentos, mais tarde tornando-se o primeiro patriarca do budismo Chan (Zen). Junto com os seus ensinamentos Damo deixou alguns exercícios para melhorar a saúde dos monges, como o Yi Jin Jing (Tratado da Renovação dos Tecidos e Tendões) e o Xi Sui Jing (Tratado da Medula).
Então quem seria o responsável pela criação ou desenvolvimento das artes marciais de Shaolin? Sabemos que muitos militares e nobres perseguidos refugiavam-se em locais distantes, e o Mosteiro de Shaolin foi um deles. Com as constantes visitas de estrangeiros, sejam foragidos, convidados e alguns até mesmo em busca da iluminação oferecida pelo budismo, os monges de Shaolin puderam aprender, estudar, compilar e aprimorar quaisquer estilos de arte marcial com que tivessem contato. A partir deste momento começou a ser formada a arte marcial do Mosteiro de Shaolin.
Dividido em salas, ou câmaras, os estilos não eram ensinados a todos os monges, mas sim a pequenos grupos e para cada sala havia um monge responsável. O Mosteiro de Shao Lin contou com 18 salas principais, e cada uma com um estilo distinto. Uma destas salas era reservada ao estilo "As Dez Rotinas de Shaolin", a base do Shaolin Norte.
O ensino das artes marciais de Shao Lin era reservado única e exclusivamente para os monges, mas em 1650 os monges resolveram aceitar discípulos-leigos só para o aprendizado marcial, porque o mosteiro já havia sofrido um ataque, colocando em risco os monges e suas técnicas marciais.
Destruído quase que totalmente em 1736 e em um novo ataque em 1928 onde restaram duas edificações e parte do cemitério, o Mosteiro de Shaolin foi mais uma vítima da sua participação em guerras internas da China, deixando apenas um punhado de monges sobreviventes. Alguns dos estilos que foram ensinados para leigos ou levados para fora de Shaolin por monges fugidos existem até hoje.
Houve outros mosteiros que estiveram relacionados de alguma forma com as artes marciais, mas a despeito do que muitos afirmam o Mosteiro de Shaolin nunca possuiu filiais ou relações diretas com outros mosteiros, mesmo com o de Fujian.